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Varejo projeta retomada do crescimento em 2016

Investir em tecnologia é alternativa para alavancar os resultados

Depois de um ano de redução no faturamento, o varejo planeja voltar a crescer em 2016. Segundo os organizadores da 3ª Feira Brasileira do Varejo (Febravar), que iniciou ontem em Porto Alegre, uma das bases da retomada do setor deve ser o investimento em tecnologia. O evento conta com mais de 40 expositores em 69 estandes, em uma área de dois mil metros quadrados no BarraShoppingSul. A expectativa é aumentar em 72% a geração de negócios na comparação com a feira anterior.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas), Paulo Kruse, o faturamento do varejo deve apresentar queda superior aos 5%, em 2015, no Rio Grande do Sul. No primeiro semestre, a retração foi de 2,5%. Mesmo assim, na avaliação de Kruse, a situação do Estado não é tão grave quanto em outras regiões do Brasil. "Sentimos uma pequena queda nos primeiros seis meses do ano. Até dezembro, a expectativa não é alvissareira. Entretanto, mesmo sem saber em qual patamar, os negócios devem se estabilizar a partir de 2016, voltando a crescer lentamente", projeta.

Na abertura do evento, o presidente da Febravar, Ronaldo Sielichow, criticou a política de corte de despesas por meio de demissão de funcionários. Para Sielichow, o cenário de retração do consumo em nível nacional deve levar o lojista a buscar alternativas que otimizem seus recursos, revendo conceitos de gestão. "A pessoa que é demitida não compra e, consequentemente, não movimenta a economia. É hora de os empresários olharem para dentro das empresas e demitirem processos obsoletos, implantado novas tecnologias que reduzam seus custos e aumentem sua competitividade."

Nesse sentido, a Febravar oferece uma série de soluções para os comerciantes. Entre elas, uma Smart Store, ou seja, uma loja inteligente baseada no conceito de varejo 3.0. Desde a entrada até o provador, em um único ambiente de 60 m2, estão disponíveis mais de 30 tecnologias diferentes. Viável, inclusive, para pequenos e médios negócios, o projeto tem o objetivo de renovar a gestão do ambiente de vendas por meio de um melhor custo benefício. Para isso, são apresentadas novidades que facilitam o controle de caixa, a gestão de estoques, a contabilidade e a interatividade do consumidor com os produtos.

Escolhida para ocupar a Smart Store com sua nova coleção, a marca de vestuário Rabusch pretende agregar parte das tecnologias em seu novo projeto de lojas. Atualmente, são 43 unidades, e mais cinco estabelecimentos franqueados devem ser inaugurados até o fim do ano. Para o presidente da marca, Alcides Debus, a interação do consumidor no ponto de venda será decisiva para o futuro do varejo. "Há outros canais para comprar o produto, como a internet. Por isso, as lojas físicas precisam gerar uma experiência positiva para o cliente que depois vai ser compartilhada com outras pessoas", destaca Debus.

A Febravar segue até sexta-feira com a realização de painéis, visitas técnicas e mesas-redondas. Entre os temas, estão o cenário atual do varejo e sua influência na economia, a participação do setor nas redes sociais, a relação entre o shopping center e o lojista e o papel do líder na gestão corporativa.

Vendas do comércio devem cair 1,2% no 3º trimestre

As vendas do varejo devem sofrer queda de 1,2% no terceiro trimestre de 2015 ante o segundo trimestre, segundo a projeção do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar-Fia) e do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar). Na avaliação do professor Cláudio Felisoni de Angelo, a retração é esperada em razão de uma combinação de fatores negativos para o consumo. "A redução da massa de rendimentos real, redução do poder de compra diante da inflação e temor dos consumidores com o emprego afetam as projeções", diz.

A pesquisa detectou que, para o terceiro trimestre de 2015, aumentou fortemente a expectativa das famílias de maior desemprego no Brasil. Na amostra de 500 consumidores do município de São Paulo, a percepção combinada das pessoas indica que a sensação é equivalente a de uma elevação de 48,9% da taxa de desemprego, enquanto, no terceiro trimestre de 2014, essa ainda era uma preocupação menos relevante.

A redução do poder de compra da população também é notada pelo estudo. A parcela do orçamento da população que está disponível para compras sai de 11% na pesquisa do terceiro trimestre de 2014 para 6% agora. Com isso, caiu o número de consumidores dispostos a comprar em todas as categorias de produtos duráveis. As categorias, que incluíam linha branca, móveis, eletrônicos, vestuário, entre outros, estão com intenção de consumo inferior à média histórica da série que iniciou em 1999.

Data de Publicação
09/07/15
Fonte
Jornal do Comércio

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